sexta-feira, 23 de julho de 2010

EDUCAÇÃO HOJE (Pedro Demo)

Amigos estou desenvolvendo meu artigo da pós em novas tecnologias de ensino e lendo o livro do Pedro Demo, Educação Hoje: "novas" tecnologias, pressões e oprtunidades, me deparei com um parágrafo interessantíssimo que reproduzo aqui, na íntegra, para vocês partilharem comigo essa rica leitura sobre aprendizagem...ele está presente na página 65 do livro...Grifei algumas partes para comentá-las na sequência...

"Teorias que apostam no envolvimento do estudante e entendem aprendizagem como dinâmica também afetiva (DAMÁSIO, 1996; GOLEMAM, 2001) receberam grande ímpeto com as novas tecnologias, em especial porque as crianças e jovens facilmente se encantam com o ciberespaço. Tais propostas decaem facilmente no jargão do prazer imediato, como se as crianças somente estudassem se sentirem prazer. O que move as pessoas não é apenas prazer, mas outras dimensões que possam parecer relevantes, também porque não se escapa na vida de ter de aprender do sofrimento. Não segue que aprendemos melhor com o sofrimento, mas que o prazer que move é menos aquele do bobo alegre, do que aquele do bom combate. Os jogos eletrônicos clarificam isso frontalmente: os jogadores " sofrem" muito para dar conta do jogo, que, ademais, se complica a cada nova etapa. No entanto, correm atrás com grande envolvimento e, chegando ao fim, sentem alegria profunda. Subir o monte Everest não pode ser projeto movido a prazer imediato, nem tentar concluir um doutorado. O que as teorias afirmam é que não se aprende sem envolvimento profundo. No mundo virtual, as crianças sentem-se bem mais envolvidas que os adultos, um fenômeno que ainda não sabemos bem explicar. Há quem diga que a nova geração possui "outra cabeça", por conta de sua interação tão intensa com o mundo virtual (HAYLES, 2008). Prensky (2001) sugere que as crianças são nativas, enquanto os adultos são imigrantes, embora haja autores que tomam isso como um "mito" (OWEN, 2004). É fato, porém, que as crianças se dão bem com o computador, parecendo haver entre eles uma simbiose notável. Faz parte dessa simbiose certamente o lado social da máquina que permite multiplicar relacionamentos e promove a "inteligência social" (GOLEMAN, 2006). Essa energia eclode em comunidades de prática, comunidades de aprendizagem, tribos de toda sorte (como Orkut). "peer-university", em cujos ambientes a interação corre agitada, por vezes auxiliada pelos anonimatos (não se sabe a identidade real de quem está do outro lado).

Vamos aos  comentários:


"O que move as pessoas não é apenas prazer, mas outras dimensões que possam parecer relevantes, também porque não se escapa na vida de ter de aprender do sofrimento. Não segue que aprendemos melhor com o sofrimento, mas que o prazer que move é menos aquele do bobo alegre, do que aquele do bom combate."

Este trecho é brilhante pois nos remete a uma reflexão sobre nosso "entusiasmo" para alcançar algum objetivo. O autor é muito profundo quando cita que não é somente o prazer que move, para conseguirmos algo importante em nossa vida, sabemos e temos consciência que precisamos lutar, lutar e muito para alcançar vôos mais altos. Nada vem de mão beijada, precisamos nos empenhar, abdicar de algumas coisas que nos dão prazer e, muitas, digo, na maioria das vezes, sofrer...Mas é um sofrimento bom, não uma auto-violência, uma dedicar-se além, até mesmo, de nossas possibilidades, antes inimaginadas...como ele cita a escalada do Everest, é claro que a recompensa maior está quando atingimos o cume, mas para isso, temos noção das dificuldades durante a subida...e quando chegamos lá, este sim é o prazer que nos move, o do bom combate.
Prazer do "bobo alegre" aqui, ao meu ver, é aquele prazer que buscamos e que não nos acrescenta nada...

"O que as teorias afirmam é que não se aprende sem envolvimento profundo."

Outra frase inteligente, pois precisamos estar engajados com o que queremos aprender, senão tudo é em vão...
Aqui entra a discussão de como motivar o educando, mas surge a controvérsia: de onde vem o estímulo, ele é interno ou externo? O que nos leva a prender, o que sentimos no nosso íntimo, ou o que dizem que devemos aprender? Como fica no meio de tudo isto a motivação? Como motivar o aluno se ele não quer aprender determinado assunto? Aguns já afirmaram que aprendizagem depende de interesse, mas como despertar esse interesse nos outros e em nós mesmos? Outros dizem que depende da necessidade de cada um...O que nos move em direção ao aprendizado? Ficam aqui as questões...

"Prensky (2001) sugere que as crianças são nativas, enquanto os adultos são imigrantes, embora haja autores que tomam isso como um "mito" (OWEN, 2004). É fato, porém, que as crianças se dão bem com o computador, parecendo haver entre eles uma simbiose notável."

Realmente a criança tem uma ligação muito interessante com o computador...Acho que o que difere a criança do adulto neste quesito é que a criança já nasceu no meio de toda esta parafernália informática e por isso não tem medo do dito "computador". O medo trava, o medo do desconhecido, do novo....
Quem nunca presenciou o primeiro contato de um adulto com um computador...ele  é cheio de medos e receios...medo de estragar algo, medo de fazer algo errado, medo de errar, errar e errar....depois, muitos abandonam tudo e dizem: "Isto não é para mim"...conheço pessoas que têm medo de mexer em seu próprio celular e até hoje não conseguiram decorar o próprio número... É como se houvesse um bloqueio para o novo...toda novidade assusta...Como afirmam Carvalho e Ivanoff no livro Tecnologias que Educam, "...deveríamos descobrir se precisamos iniciar transformações, algumas vezes até incômodas."

Obs.: No meu entender a expressão "peer-university" é utilizada pelo autor para considerar os ambientes de um nível igual, sem hierarquização, onde todos, independente da identidade, podem acessar e usufruir das informações presentes neste ambiente.

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