O assunto do artigo é muito pertinente quando faz alusão ao diagnóstico do Fibro Edema Gelóide, já que realmente existe uma carência muito grande em protocolos de avaliação na área de Dermatofuncional.
O instrumento de avaliação proposto pelo artigo é bem completo, já que aborda tanto os graus de acometimento do FEG, quanto seus níveis de alterações sensitivas. Aqui, quero fazer um comentário de cunho pessoal: sempre aprendi que a dor estaria presente somente na celulite edematosa, mas no artigo, os autores descrevem que, ao realizarem o teste da preensão para determinar zonas dolorosas, das 17 pacientes que referiram dor fraca ao teste da preensão, 12 apresentavam FEG flácida, 4 apresentavam FEG dura e somente 1 apresentava FEG edematosa; sem contar as outras pacientes que referiram dor de outras intensidades e não possuíam FEG edematosa. Eles embasam estas descobertas citando Guirro e Guirro (2002) que relatam modificações na substância fundamental amorfa do tecido conjuntivo durante o processo celulítico, levando a fibroses que podem evoluir para escleroses que comprimem os elementos do tecido conjuntivo e suas terminações nervosas, justificando assim a dor. Então, chego à conclusão que não é somente o acúmulo de líquido que gera a dor, mas sim outros fatores envolvidos como as aderências teciduais.
O protocolo de avaliação apresentado é bem completo com uma anamnese cuidadosa e um exame físico detalhado. A justificativa dos autores para o desenvolvimento de um instrumento de coleta de dados tão detalhado é o fato do FEG ser de origem multifatorial, além de ser considerado por alguns autores, uma questão de saúde e não somente um acometimento estético. Pois sua presença causa no indivíduo problemas de ordem psicossocial, problemas álgicos nas zonas acometidas e diminuição das atividades funcionais.
Resumindo: É muito importante que os profissionais de Fisioterapia Dermatofuncional tenham acesso a ferramentas de avaliação bem detalhadas e precisas para facilitar o diagnóstico e, posteriormente, escolher o tratamento mais adequado, sempre respeitando as características individuais de cada indivíduo, além de atentar para possíveis contra-indicações.
Está claramente expresso que o sucesso terapêutico está diretamente ligado a uma avaliação bem feita, sem deixar de atentar para o fato de que esta avaliação, por ser de forma documental, possibilitará uma melhor análise da evolução do tratamento através da comparação do “antes” e “depois”.
Como afirmei no início, a necessidade de protocolos de avaliação como este é imprescindível, já que precisamos utilizar cada vez mais de ferramentas com respaldo para que a área de Dermatofuncional se firme como ciência e não como um ramo de tratamento baseado em versões hipotéticas ou empíricas.
REFERÊNCIA
MEYER, Patrícia F. ET AL. Desenvolvimento e Aplicação de um Protocolo de Avaliação Fisioterapêutica em Pacientes com Fibro Edema Gelóide. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.18, n.1, p. 75-83, jan./mar., 2005.
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